A Ilha Misteriosa - Cap. 5: CAPÍTULO V Pág. 30 / 186

O marinheiro ficou sem palavras, abismado com aquilo; mirava alternadamente o pequeno objecto "mágico" e o seu autor, cada vez mais convencido de que o engenheiro pertencia a uma espécie humana superior, próxima dos deuses. Finalmente, conseguiu articular:

- Senhor Spilett, não se esqueça de tomar nota disto no seu caderninho!

- Já tomei - respondeu o repórter.

O regresso do bom tempo, a bela fogueira e a ceia de porco-do-mato assado no espeto, rematada com pinhões e sargaços, animaram os cinco companheiros, que, nessa noite, dormiram um sono profundo e descansado.

Na manhã do dia seguinte, 29 de Março, fizeram-se os preparativos para a expedição. Pencroff avivou a fogueira e guardou um pouco de trapo queimado para servir de isca, assim como os restos do porco assado para a refeição daquela noite.

Os relógios de Cyrus Smith e de Gedeão Spilett, novamente com os respectivos vidros, marcavam sete e meia, quando os nossos exploradores, munidos de varas à laia de cajados, deixaram as Chaminés em direcção à montanha.

A travessia da floresta foi o caminho escolhido por ser o mais directo, e, pelas dez horas, deixavam para trás o denso arvoredo. A montanha erguia-se diante deles, composta por dois cones sobrepostos e contrafortes com uma configuração tão estranha que, desde logo, chamou a atenção do grupo. Com efeito, a elevação parecia apoiada numa imensa garra com as enormes unhas cravadas no solo, entre as quais se avistavam vales verdejantes. No topo do primeiro cone, a uns mil metros de altitude, assentava um segundo cone, como se fosse uma espécie de boina caprichosamente colocada à banda... Ora era justamente até ao cimo do segundo cone que os nossos amigos queriam chegar.

O engenheiro Smith confirmou a origem vulcânica da região e decidiu que a escalada se fizesse por um dos contrafortes.





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