- Se tivermos a pouca sorte de isto ser uma ilha e, ainda por cima, afastada das rotas dos navios, é o que temos de mais certo! - corroborou o marinheiro.
- Isso é o que vamos descobrir, quando escalarmos a montanha até lá acima - concluiu o engenheiro Smith.
Seguidamente, combinaram entre si as tarefas daquele dia. O engenheiro e o repórter iam ficar nas imediações das Chaminés a explorar a praia e o planalto, enquanto os outros três voltavam ao bosque do Jacamar - assim haviam baptizado a mata - a fim de renovar as provisões de lenha e carne fresca.
Desta vez, contavam com a ajuda de Top na caçada. À partida, o marinheiro ia resmungando, sempre agarrado à sua ideia:
- Pois sim, pois sim, vamos caçar... E depois? Como é que vamos assar o que apanharmos? Se houver lume, quando cá chegarmos, só se foi um raio que o acendeu! Todavia, ao voltarem ao acampamento, pelas duas da tarde, carregando um corpulento exemplar de uma espécie de porco selvagem, tiveram a surpresa de avistar uma coluna de fumo que se elevava do lado de lá dos rochedos.
- Viva! Viva! Harbert, Nab, estão a ver aquilo ali? - gritou o marinheiro, fora de si.
Instantes depois, os três caçadores, completamente pasmados, olhavam ora para o engenheiro e para o repórter, ora para a fogueira crepitante, sem saber que dizer.
- Então, meu caro, o que é que eu lhe dizia? - exclamou Spilett. - Ora aqui tem um belo lume para assar esse magnífico animal que aí trazem!
- Mas quem o acendeu? - perguntou Pencroff.
- O sol!
- Quer dizer que o senhor Cyrus tinha uma lupa, não é verdade? - perguntou Harbert.
- Não, meu rapaz, não tinha, mas fiz - respondeu aquele.
E explicou como, sobrepondo os vidros do relógio dele e do de Spilett, conseguira improvisar uma lente capaz de concentrar os raios solares e de provocar a combustão de um pedaço de musgo seco.