A Ilha Misteriosa - Cap. 11: CAPÍTULO XI Pág. 62 / 186

E andaram bem a tratar das reservas, porque, de repente, o vento virou a sueste e o frio tornou-se penetrantíssimo! A neve voltou e, se acaso tivessem um termómetro, pelos cálculos do engenheiro ele marcaria seguramente uns vinte graus negativos.

Em semelhantes condições, a pequena colónia não teve alternativa senão ficar novamente enclausurada na Casa de Granito. Ia o mês de Setembro a meio e já todos começavam a ressentir-se da situação, se bem que procurassem manter-se sempre ocupados com pequenos trabalhos de arranjo dos interiores e outras tarefas úteis. Por outro lado, passavam longas horas em torno das chamas da lareira, ouvindo atentamente o engenheiro que não perdia uma oportunidade para instruir os companheiros acerca dos mais variados assuntos.

Mas convém referir que, depois de Pencroff, quem mais sofria com o encerramento forçado era o cão. Top dava sinais do seu aborrecimento, andando agitadamente de um lado para o outro, a vasculhar todos os recantos. Com o passar dos dias, Cyrus Smith, embora sem estar especialmente atento ao comportamento do animal, acabou por reparar que Top começava a rosnar, sempre que entrava na arrecadação e se aproximava da boca do poço que ia dar ao mar; por vezes, punha-se a andar à volta do buraco, agora tapado, tentando mesmo retirar a tampa de madeira com as patas. Este singular comportamento não podia deixar de intrigar o engenheiro Smith. Que haveria naquele abismo para impressionar a tal ponto o cão? As hipóteses podiam ser várias, contudo, certezas não havia nenhuma. Talvez por isso, resolveu guardar para si tais reflexões.

Nos últimos dias de Setembro, cessaram por fim os grandes frios, e os gelos e a neve acabaram por derreter. A praia, o planalto, a margem do Mercy e a floresta voltaram a estar praticáveis e os moradores da Casa de Granito celebraram festivamente a chegada da Primavera! A primeira coisa que Pencroff fez, foi passar revista às armadilhas.





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