A Rosa do Adro - Cap. 12: CAPÍTULO 12 Pág. 113 / 202

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Era efetivamente o criado do padre Francisco Fernando, ao encará-lo, compôs um ar de alegria e familiaridade pouco naturais e interrogou o recém-chegado por estas palavras:

- Então por cá, meu rapaz? Grande novidade te trouxe aqui!

- Incumbiram-me de entregar-lhe pessoalmente esta carta, e venho por isso cumprir o mandato - respondeu António, entregando-lhe um papel cuidadosamente fechado e que tirara do bolso interior da jaqueta.

Fernando, ao lançar os olhos para o sobrescrito, empalideceu levemente, e, aproximando-se de uma luz, continuou, enquanto abria a carta:

- Tem resposta?

- Não sei, Sr. Fernando, mas suponho que sim.

- Então espera um pouco.

Enquanto Fernando lia, a baronesa e a sua filha, aproximando-se do rapaz, cansavam-no com perguntas sucessivas a respeito dos habitantes da aldeia e das pessoas com que outrora tinham tido mais estreitas relações.

Fernando, retirado do grupo, passava rapidamente pela vista aquelas linhas que se diria terem-no inquietado, a avaliar pelas contrações repetidas do rosto.

A carta, que era de Rosa, vinha concebida nos seguintes termos:

"Sr. Fernando,

Compadeça-se desta pobre rapariga que teve talvez a infelicidade de o amar e não queira tão depressa extinguir-lhe a vida.

Há dois meses que lhe escrevo consecutivamente uma e mais vezes por semana e ainda não me foi possível obter duas palavras suas. Não sei se essa falta será devida a doença ou se ao aborrecimento que já lhe inspiro. Nesta horrível incerteza estive mais de uma vez para deixar esta casa, procurá-lo, lançar-me aos seus pés e pedir-lhe compaixão em nome dessa lealdade e amor que me jurou. Como, porém, avaliei depois os perigos a que me expunha, aproveitei-me do bondoso oferecimento do portador desta e resolvi escrever-lhe, só para lhe rogar que me diga a causa do seu silêncio.





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