A Rosa do Adro - Cap. 13: CAPÍTULO 13 Pág. 118 / 202

A própria avó de Rosa, apesar das instantes perguntas que lhe dirigia sobre esse oculto padecimento, não conseguira também o mínimo pormenor, porque a doente parecia até não saber explicar a proveniência dos seus males.

O certo é que a desventurada jovem efetivamente padecia, mas o seu padecimento não era nenhum desses que se curam com as tisanas das farmácias. O seu sofrimento era doloroso e terrível! Eram as dores do coração, era uma paixão lenta que lhe rasgava pouco a pouco os melhores pedaços da sua alma sensível.

Apesar disso, porém, a apaixonada rapariga tinha momentos de louca alegria, e davam-se eles quando recebia alguma carta do seu Fernando.

Rosa pedira secretamente a um dos criados do abade, que lhe era muito afeiçoado e que ia todos os dias à estação do correio buscar a correspondência para seu amo, para lhe trazer as cartas que lhe viessem endereçadas, tendo-o feito persuadir, para afastar suspeitas, de que essas cartas eram da filha da baronesa.

O bom do homem acreditara cegamente nisto e guardava sobre tal objeto o mais completo silêncio, segundo a recomendação que recebera.

Fernando fora durante algum tempo fiel às suas promessas, e todas as semanas escrevia à sua amante, vindo essas missivas repletas de amor e de esperanças.

A pobre rapariga extasiava-se com a leitura delas, passava horas esquecidas a contemplar essas linhas, e por mais de uma vez levava o papel aos lábios e cobria-o de beijos. Desabafos do coração.

Eram esses os momentos mais felizes daquela alma atribulada. E ainda com o pensamento suavemente impressionado pelas amorosas expressões que Fernando lhe dirigia, desafogava os anseios do coração em longas e enternecedoras respostas que traçava em algumas folhas de papel.

Deixava-se, pois, a jovem fascinar pelas ilusões desse futuro de rosas que lhe era prometido, e isto minorava bastante as saudades que sentia pela ausência de Fernando.





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