A Rosa do Adro - Cap. 13: CAPÍTULO 13 Pág. 130 / 202

O que é certo, porém, é que, ao apertar entre as suas as mãos secas e geladas de Rosa, estremeceu, como se a ciência que estudava lhe revelasse naquele descarnamento e frieza dos membros os sintomas de uma terrível moléstia, a tísica! Forcejou, contudo, por dissuadir-se das suas tristes apreensões e encetou o diálogo por estas palavras:

- Deves estar muito despeitada pelo meu procedimento, não é verdade, Rosa?

- Despeitada, não, Sr. Fernandinho; mas ansiosa por saber os motivos do seu silêncio.

- Tens razão, filha; as minhas ocupações, porém, têm-me roubado todos os momentos.

- Não diga isso, Fernandinho: três minutos, sequer, lhe bastavam, de oito em oito dias, para me sossegar o coração; mas, quando se traz a cabeça desvairada por outros amores, chega-se a esquecer até a pobre aldeã, que lá longe se definha e se sente morrer de pesar por se ver assim desprezada e esquecida.

- Rosa!...

- Oh! não tente negá-lo: adivinhou-mo o coração, primeiro; depois quase tive a certeza dos meus pressentimentos.

- Mas quem julgas então?...

- Ora, quem hei de julgar que lhe ocupa todas as atenções senão a filha da Sra. baronesa!

- Mas...

- Não me enganei, não é verdade? Pode responder-me com franqueza, porque estou preparada para tudo.

- Pois bem, Rosa, vou dar-te a verdade: efetivamente existem entre mim e a D. Deolinda, de há muito, relações de amizade.

- Diga-me antes de amor. Mas, foi para dar-me essa agradável nova que veio do Porto aqui?

- Talvez. É preciso rasgar por uma vez O véu que tem ocultado as minhas intenções para contigo. Rosa, por quem és, perdoa-me se te enganei: tu não podes ser minha esposa.

A jovem não respondeu uma única palavra, não fez um só gesto, nem patenteou o mínimo sinal de espanto.





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