A Rosa do Adro - Cap. 16: CAPÍTULO 17 Pág. 177 / 202

Oh! não: sou bastante feliz, porque levo a firme convicção de ter cumprido um dever sagrado para com uma mulher que sinceramente me idolatrou e que respeitará a minha memória depois de eu deixar de existir... Tu irás, depois, todos os dias, ajoelhar junto da minha campa, e orvalhar com as lágrimas das tuas saudades as flores silvestres que vegetarem por sobre ela, não é verdade?

- Enquanto Deus não me chamar também para junto de si... Poucos dias talvez lhe sobrevirei, Fernando, e o meu único desejo é que a minha peregrinação neste mundo seja bem curta depois da sua morte, para mais depressa viver, no Céu, com o ente que eu mais idolatrei na Terra. Lá, então seremos juntos eternamente, não é assim, Fernando?

Fernando fitou o rosto pálido da sua amante, e murmurou apenas: Minha pobre Rosa!

Neste momento a porta do quarto entreabriu-se, e a figura de Deolinda destacou-se no limiar.

Adiantou-se alguns passos para junto do doente, e, quando chegou próximo dele, Rosa lançou-se-lhe nos braços, exclamando entre um soluçar constante:

- Perdoe-me, Deolinda, perdoe-me.

- E que tenho eu que perdoar-te, minha pobre amiga? - respondeu a jovem. - Acaso não cumpri com os deveres de uma mulher de bem e perfeitamente conhecedora dos teus direitos?... Mas não falemos mais nestas coisas... Creio que está tudo resolvido entre ambos, não é assim?

- É verdade, Deolinda - respondeu Fernando - agora o que lhe peço é que o nosso casamento seja o mais breve possível.

Está tudo prevenido, meus amigos.

- E meus pais? Já os fez cientes dos meus desejos?

- Já. Agora cumpre-lhe também pedir-lhes o seu consentimento.

- Vá então chamá-los, Deolinda.

A filha da baronesa saiu, voltando daí a pouco acompanhada dos pais de Fernando, da avó de Rosa e de algumas outras pessoas, que entraram no quarto do enfermo.





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