A Rosa do Adro - Cap. 17: CAPÍTULO 18 Pág. 185 / 202

de tudo, entregavam-se às mais ternas e puras carícias, sem se lembrarem que talvez dentro em pouco uma força imperiosa viria separá-los para sempre e pôr termo àqueles enlevos castos a que descuidadamente se entregavam.

Durou algumas horas aquela cena de estremecimento de coração, de mútuas carícias, e de enlevos santos.

Lembravam-se mutuamente, a cada instante, as horas felizes que tinham passado no começo das suas relações, as saudades que sofreram, as descrenças que os atormentaram, e o desespero e as dores que provaram, entremisturando esse diálogo de afagos sem fim.

Assim se passou aquele dia, sem haver nada mais notável.

Rosa, a instâncias de Fernando, ficara habitando aquele mesmo quarto, e, sentada no leito do seu esposo, velara toda a noite, guardando os poucos momentos em que o doente pudera conciliar o sono.

De madrugada, Fernando pareceu contorcer-se durante algum tempo em dores terríveis, e conquanto fosse grande a sua resignação e valor, não podia encobrir aos olhos da sua esposa os padecimentos que pareciam aumentar a cada instante.

Às 8 horas da manhã o jovem piorara: uma palidez cadavérica ensombrava-lhe as faces, os olhos começavam a perder o brilho habitual e Os lábios arroxeavam-se de momento a momento.

Foi logo chamado o facultativo, e este, mais por obrigação à ciência do que por convencimento de melhorar o estado do doente, receitou alguns calmantes. A sorte de Fernando estava decidida.

Às 10 horas entraram no quarto seus pais, a baronesa e a sua filha.

Fernando, como querendo poupar à sua esposa o testemunho de uma triste cena, voltou-se para ela e, com a voz pouco firme, exclamou:

- Olha, Rosa, já que estão aqui meus pais para velar por mim, vai acolá àquele canteiro que de aqui





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