Logo que se viram a sós, os dois jovens enlaçaram-se num prolongado abraço, e duas palavras saíram instantâneas dos seus lábios.
Fernando exclamara:
- Minha querida esposa...
Rosa respondeu simplesmente:
- Fernando.
Passados esses primeiros momentos de enlevada ansiedade, o rapaz, entregue à alegria que lhe exaltava a alma e como esquecido dos seus próprios sofrimentos, exclamou:
- Minha querida Rosa, estamos enfim ligados para sempre; Deus abençoou a nossa união, e, apesar de já tarde, está reparado o meu erro. Sinto-me agora verdadeiramente feliz; havia aqui, no coração, um peso horrível que me atormentava a cada momento... Parece-me até que te amo agora mais do que nunca; e tu, Rosa?
- Eu, Fernandinho, não posso amá-lo mais...
- Perdão, Rosa - atalhou o jovem - proíbo-te desde este momento de me dares outro tratamento que não seja o que eu te dou. Trata-me por tu e desprende-te dessas delicadezas que não ficam bem a dois esposos que se estremecem.
- Mas...
- Já te disse e não admito razões em contrário.
- Pois que assim o queres...
- Assim mesmo. Continua...
- Olha, meu Fernando, agora vamos ser muito felizes, não é verdade? Logo que tu melhores, não me deixarás um só momento... Tenho-me visto tão longe de ti.
- Sim, minha pobre Rosa, havemos de ser muito felizes - respondeu o rapaz, estremecendo e anuviando-se-lhe o rosto.
Rosa percebeu aquela repentina mudança, e, ansiosa, exclamou:
- Que tens, Fernando? Meu Deus, como estás pálido!
- Sossega, não é nada... Foi a minha ferida... uma dor... mas já passou. Olha, Rosa, deixa-me beijar-te... Encosta a tua loura cabeça ao meu seio... Assim!... Como és linda!... E eu que te queria trocar por outra!
E os dois esposos, como esquecidos