A Rosa do Adro - Cap. 7: CAPÍTULO 7 Pág. 47 / 202

O pai de Fernando, esse, ria-se quando em tal lhe falavam, e exclamava com o melhor bom humor:

- Deixem-no divertir-se; está no seu tempo, e nós, quando tínhamos a mesma idade, fazíamos outro tanto. Ao menos o demo do rapaz não teve mau gosto; ela não é rica, não, mas também é a melhoria destes arredores. Que converse, pois, com quem quiser, enquanto por aqui anda, porque eu não me importo com isso; estou até em dizer que dentro em pouco deixa-a e agarra-se por aí a outra.

Os ditos e as chicanas continuavam, porém; e tal vulto tomou a maledicência, que a avó de Rosa vira-se obrigada a tomar o caso a sério e a dirigir a semelhante respeito algumas palavras a sua neta.

Um dia, à hora de jantar, logo que terminou a refeição, a avó de Rosa, com aspeto grave, interrogou sua neta por estas palavras:

- Minha filha, será verdade o que por aí se diz ao teu respeito, isto é, que tu namoras o filho do Capitão?

A esta pergunta inesperada, e a primeira que a sua avó lhe dirigia sobre tal assunto, Rosa sentiu-se enleada, mas não pôde mentir; com os olhos baixos e as faces avermelhadas, respondeu com firmeza:

- É verdade, minha avó; persuadi-me que já o sabia. Sabia-o, é verdade, mas queria ter a certeza...

- Diz-me: é certo também que o amas muito?

Esta nova pergunta acabou de perturbar a jovem a ponto de não poder responder senão com uma torrente de lágrimas.

Foi isso o bastante para sua avó adivinhar o que se passava no seu coração.

- Minha filha - continuou a boa da velha, não podendo também conter a sua comoção - , as tuas lágrimas são a mais clara prova do teu amor para com esse rapaz; foste demasiadamente precipitada, mas o mal ainda se pode remediar. Devias saber que o Sr. Fernando, além de ser rico, não é nenhum jovem da lavoura, como muitos outros que por ai há, e isso deveria ser motivo para tu repelires, com todas as tuas forças, os seus desejos ou os protestos de amizade que te fizesse.





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