A Rosa do Adro - Cap. 12: CAPÍTULO 12 Pág. 98 / 202

Não podia chamar-se-lhe uma mulher formosa, mas distinguia-se um não sei quê, que encantava. Naquele rosto um pouco pálido havia uns olhos meigos que enleavam, uma boca risonha que parecia protestar mil juras de amor, um conjunto de dotes, finalmente, que patenteava bem claramente quanta candura e quanta bondade havia no coração que se ocultava sob aquele seio de neve.

Afora os criados e alguns amigos velhos da família, a casa da baronesa era apenas frequentada pelo nosso conhecido Fernando, que vivia na intimidade das duas senhoras, sendo por elas estimado como um parente.

Essas relações datavam não só da época em que a baronesa vivera na aldeia, mas também do dia em que, no Porto, o pai de Fernando fora recomendar-lhe o novo estudante, colocando-o sob as vistas e proteção da boa senhora.

Decorridos perto de quatro meses depois do dia em que deixámos Fernando despedindo-se de Rosa, na aldeia, vamos encontrá-lo em casa da baronesa em animada e despretensiosa conversa com as duas senhoras.

Achavam-se os três num a pequena sala elegantemente mobilada, sentados: a baronesa na sua costumada cadeira de braços, junto de uma pequena mesa sobre a qual se via aberto um pequeno livro de orações; Deolinda em frente dela, junto de um bastidor, onde bordava um grande ramo de flores; e Fernando, próximo desta, num sofá.

- Com que então - dizia a baronesa - o nosso caro amigo não nos pode amanhã fazer companhia ao chá, não é verdade?

- Efetivamente, Sra. baronesa - respondeu Fernando - , tenho amanhã piquete no hospital, e por isso...

- Ora deixe-o falar - atalhou Deolinda. - A mamã ainda acredita nele?... O que ele decerto tem é por aí algum passatempo mais proveitoso e a que não deseja faltar...

- Juro-lhe, minha senhora.





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