O Ingénuo - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 22 / 91

O Ingénuo enamorado

Cumpre confessar que, depois daquele batizado e daquele banquete, a senhorita de St. Yves começou a desejar ardentemente que o senhor bispo ainda a fizesse participante de algum belo sacramento com o senhor Hércules Ingénuo. No entanto, como era bem-educada e muito recatada, não ousava confessar a si mesma os seus ternos sentimentos; mas, se lhe escapava um olhar, uma palavra, um gesto, um pensamento, envolvia tudo isso num véu de pudor infinitamente amável Era terna, pressurosa, mas comedida.

Logo que o senhor bispo partiu, o Ingénuo e a senhorita de St. Yves se encontraram sem dar tento que se procuravam. Falaram-se, sem imaginar o que diriam. O Ingénuo lhe disse primeiro que a amava de todo o coração, e que a bela Abacaba, por quem estivera louco na sua terra, não lhe chegava aos pés. Respondeu-lhe a senhorita, com o seu ordinário recato, que era preciso o quanto antes falar nisso ao senhor prior seu tio e à senhorita sua tia, e que, da sua parte, ela iria dizer duas palavras ao seu caro irmão, o padre de St. Yves, e que esperava um consentimento geral.

O Ingénuo respondeu-lhe que não tinha necessidade do consentimento de ninguém; que lhe parecia extremamente ridículo ir perguntar a outros o que deviam fazer; que, quando dois estão de acordo, não há necessidade de um terceiro para acomodá-los.





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