O Ingénuo - Cap. 20: Capítulo 20 Pág. 91 / 91

Gordon o acompanhou até o quarto onde o prior, a Kerkabon, o padre de St. Yves e alguns vizinhos tudo faziam para reanimar o jovem que de novo desmaiara.

- Causei sua desgraça - disse-lhe o sub-ministro. - Empregarei a minha vida em reparar o mal que lhe fiz.

A primeira ideia que ocorreu ao Ingénuo foi matá-lo e matar-se depois. Nada mais cabível; mas achava-se sem armas e estreitamente vigiado. St. Pouange não se chocou com a repulsa, acompanhada da censura, desprezo e horror que ele bem merecia e não lhe foram poupados. O tempo abranda tudo. Monsenhor de Louvois conseguiu afinal fazer um excelente oficial do Ingénuo, que apareceu sob outro nome em Paria e no exército, com o aplauso de todas as pessoas de bem, e que foi ao mesmo tempo um guerreiro e um filósofo intrépido.

Jamais se referia a essa aventura sem gemer; e no entanto o seu consolo era falar nela. Cultuou a memória da bela St. Yves até o último instante de vida. O padre de St. Yves e o prior conseguiram cada qual um bom benefício; a boa Kerkabon estimou mais ver o sobrinho nas honrarias militares do que no subdiaconato. A devota de Versalhes ficou com os brincos e recebeu ainda um belo presente. O padre Tout-à-tous ganhou latas de chocolate, de café, de açúcar-cândi, de frutas em compota, com as Meditações do Reverendo Padre Croiset e a Flor dos Santos encadernados em marroquim. O bom Gordon viveu com o Ingénuo até a morte, na mais íntima amizade; também conseguiu um benefício e esqueceu para sempre a graça eficaz e o concurso concomitante.

FIM





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