Chegada do Ingénuo a Versalhes. Sua recepção
O Ingénuo desceu no pátio das cozinhas reais. Pergunta aos portadores da liteira a que horas pode falar com o Rei. Os portadores riem-lhe na cara, como o fizera o almirante inglês. Ingénuo revidou como a este último; bateu-lhes. Quiseram dar-lhe o troco. E ia haver uma cena de sangue, quando passou um guarda do corpo, gentil-homem bretão, que dispersou a canalha.
- O senhor me parece um homem às direitas - lhe disse Ingénuo. - Sou sobrinho do prior de Nossa Senhora da Montanha; matei ingleses, venho falar ao rei.
O guarda, encantado de encontrar um bravo da sua província que não parecia a par dos usos da Corte, disse-lhe que não era assim que se falava com o rei, e que era preciso ser apresentado a monsenhor de Louvois.
- Pois bem, leve-me então a esse monsenhor de Louvois, que sem dúvida me conduzirá a sua Majestade.
- É ainda mais difícil - replicou o guarda - falar a monsenhor de Louvois do que a Sua Majestade. Mas vou conduzi-lo ao senhor Alexandre, primeiro oficial: é como falar ao ministro.
Vão pois a esse senhor Alexandre, e não podem ser admitidos; estava ele em conferência com uma dama da corte e dera ordens para que não deixassem entrar ninguém.
- Bem - disse o guarda, - ainda há remédio. Vamos ao primeiro oficial do senhor Alexandre: é como falar ao próprio senhor Alexandre.
O hurão, espantado, o acompanha; permanecem meia hora numa pequena sala de espera.