Ela consulta um jesuíta
Logo que a bela e consternada St. Yves se viu com o seu bom confessor, contou-lhe que um homem poderoso e lúbrico lhe propunha tirar da prisão aquele a quem ela deveria desposar legitimamente, e que lhe pedia um alto preço pelo seu serviço; que tal infidelidade lhe causava tremenda repugnância e que, se apenas se tratasse da sua própria vida, preferiria perdê-la a sucumbir.
- Que abominável pecador! - exclamou o padre Tout-à-tous. - Deve dizer-me o nome desse vilão; é sem dúvida algum jansenista; eu o denunciarei a Sua Reverendíssima o padre de La Chaise, que o mandará meter no calabouço onde se acha agora a amável criatura que a senhorita deve desposar. A pobre moça, depois de longo embaraço e muitas hesitações, revelou enfim o nome de St. Pouange.
- Monsenhor de St. Pouange! - exclamou o jesuíta. - Ah, minha filha, isso é outra coisa; ele é primo do maior ministro que jamais tivemos, homem de bem, protetor da boa causa, bom cristão; não pode ter tido tal pensamento: com certeza a senhorita compreendeu mal.
- Ah, meu padre, entendi muito bem! Qualquer coisa que eu faça, estou perdida; só tenho a escolher entre a desgraça e a vergonha; ou o meu noivo permanecerá enterrado vivo ou eu me tornarei indigna de viver. Não posso deixá-lo perecer, e não posso salvá-lo.