A morte da bela St. Yves suas consequências
Chamaram outro médico. Este, em vez de auxiliar a natureza e deixá-la agir em uma jovem criatura cujos órgãos a solicitavam todos para a vida, só se preocupou em contrariar o seu confrade. Em dois dias a doença se declarou mortal. O cérebro, que se supõe a sede do entendimento, foi tão violentamente atacado quanto o coração, que é, ao que dizem, a sede das paixões.
Que incompreensível mecânica submeteu os órgãos ao sentimento e ao espírito? Como pode uma única ideia dolorosa desarranjar a circulação do sangue? Como é que o sangue, por sua vez, comunica suas irregularidades ao entendimento humano? Que fluido é esse, desconhecido de nós, mas cuja existência é inegável, e que, mais rápido, mais ativo do que a luz, percorre num ápice todos os canais da vida, produz sensações, lembranças, tristeza ou alegria, razão ou delírio, evoca, com horror, o que se desejaria esquecer e que faz, de um animal pensante, ou um objeto de admiração, ou um motivo de piedade e lágrimas?
Era o que dizia o bom Gordon; e essa reflexão tão natural, que raramente os homens fazem, em nada lhe afetava o sofrimento; pois não era desses desgraçados filósofos que se esforçam por se mostrar insensíveis. Comovia-se com a sorte daquela moça, como um pai que vê lentamente morrer o seu filho querido.
O padre de St. Yves estava desesperado, o prior e a irmã derramavam rios de lágrimas. Mas quem poderia descrever o estado de seu noivo?