O Ingénuo chega à casa de sua amada e fica deveras furioso
Logo que chegou, perguntara o Ingénuo a uma criada velha onde era o quarto da sua querida, e, sem perda de tempo, empurrara fortemente a porta mal fechada, correndo para o leito. Acordando-se em sobressalto, exclamara a senhorita:
- Como?! És tu? Pára, pára! Que é que estás a fazer?
- Estou casando contigo - respondera ele.
E com efeito a desposaria se ela não se houvesse debatido com toda a honestidade de uma pessoa que recebeu educação. O Ingénuo não queria saber de brincadeira; achava todas aquelas gatimónias muito fora de propósito:
- Não era assim que fazia a senhorita Abacaba, a minha primeira namorada; não tens nenhuma seriedade; prometeste-me casamento e não queres casar: estás infringindo as leis mais elementares da honra; hei de ensinar-te a manteres a tua palavra, e te porei no caminho da virtude.
O Ingénuo possuía uma virtude varonil e intrépida, digna do seu padroeiro Hércules, cujo nome recebera na pia; ia exercê-la em toda a sua extensão quando, aos lancinantes gritos da senhorita, mais discretamente virtuosa, acudiu o honrado padre de St. Yves, com a sua governante, um velho criado devoto e um padre da paróquia.
- Meu Deus, meu caro vizinho - lhe disse o abade, - que vem a ser isso?
- É o meu dever - replicou o jovem. - Estou simplesmente cumprindo a minha promessa, que é sagrada.
A senhorita de St. Yves recompôs-se, enrubescendo.