O Ingénuo - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 38 / 91

- Que quer dizer isso? - exclamou o Ingénuo. - Será que todos são invisíveis aqui? É mais fácil lutar na Bretanha contra ingleses do que encontrar em Versalhes as pessoas com quem se precisa falar.

Distraiu-se contando seus amores ao companheiro. Mas o guarda teve de ir a seus deveres. Prometeram encontrar-se no dia seguinte; e o Ingénuo ficou ainda outra meia hora na sala-de-espera, pensando na senhorita de St. Yves e na dificuldade de falar aos reis e aos oficiais.

Afinal o oficial apareceu.

- Senhor - disse-lhe o Ingénuo, - se eu tivesse esperado, para expulsar os ingleses, tanto tempo quanto me fez esperar por minha audiência, eles agora estariam assolando à vontade toda a Bretanha.

Tais palavras impressionaram o alto funcionário, que disse afinal ao bretão:

- Que quer o senhor?

- Recompensa - respondeu o outro. - Eis aqui as minhas credenciais.

E mostrou-lhe todos os certificados, O funcionário os leu e disse que provavelmente lhe concederiam permissão para comprar um posto de lugar-tenente.

- Como! Que eu dê dinheiro por haver rechaçado os ingleses?! Que eu pague o direito de expor a vida pelo senhor, enquanto o amigo dá tranquilamente as suas audiências?! Deixe-se de gracejos. Quero uma companhia de cavalaria gratuitamente. Quero que o Rei faça sair a senhorita de St. Yves do convento e me conceda a sua mão. Quero falar ao rei em favor de cinquenta mil famílias que pretendo devolver-lhe. Numa palavra, quero ser útil: que me empreguem e me promovam.





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