A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 157 / 524

O Sr. Is. Geoffroy St. Hilaire fez o pungente comentário de que certas malformações coexistem muito frequentemente e que outras raramente coexistem, sem que sejamos capazes de lhe atribuir uma razão. O que pode ser mais singular do que a relação entre os olhos azuis e a surdez nos gatos e a cor tigrada no sexo feminino; os pés pluma dos e a pele entre os dedos exteriores nos pombos e a maior ou menor presença de penugem nas aves jovens quando acabam de eclodir e a futura cor da sua plumagem; ou, mais uma vez, a relação entre a pelagem e a dentição no cão turco sem pêlo, embora aqui provavelmente entre em jogo a homologia? No que diz respeito a este último exemplo de correlação, penso que dificilmente poderá ser acidental, que se escolhemos as duas ordens de mamíferos mais anómalos em termos de cobertura dérmica, isto é, os cetáceos (baleias) e os edentados (armadilhos, papa-formigas escamosos, etc.), que estes são de igual modo os mais invulgares na sua dentição.

Desconheço qualquer caso mais adequado para mostrar a importância das leis da correlação na modificação de estruturas importantes, independentemente da utilidade e, portanto, da selecção natural, que o da diferença entre as flores internas e externas em algumas plantas Compósitas e Umbelíferas. Toda a gente conhece a diferença nos flósculos radiais e centrais, por exemplo, da margarida, e esta diferença é amiúde acompanhada pela atrofia em partes da flor. Mas, nalgumas plantas Compósitas, as sementes também diferem em forma e textura; e mesmo o próprio ovário, com as suas partes acessórias, difere, como foi descrito por Cassini. Alguns autores atribuíram estas diferenças à pressão, e a forma das sementes nos flósculos radiais em algumas Compósitas sustenta esta ideia; mas, no caso da corola das Umbelíferas não é de maneira alguma, como me fez saber o Dr.





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