A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 163 / 524

Assim, as partes rudimentares ficam entregues ao jogo livre das diversas leis do crescimento, aos efeitos do desuso prolongado e à tendência para a reversão.

Uma parte desenvolvida em qualquer espécie num grau ou de uma maneira extraordinários, por comparação à mesma parte em espécies próximas, tende a ser altamente variável. - Há muitos anos, fiquei bastante impressionado com um comentário, muito semelhante ao anterior, publicado pelo Sr. Waterhouse. Infiro também a partir de uma observação feita pelo Professor Owen, a respeito do comprimento dos braços de um orangotango, que ele terá chegado a uma conclusão quase similar. É inútil procurar convencer seja quem for da verdade desta proposição sem oferecer a extensa colecção de factos que recolhi, a qual não é possível introduzir aqui. Posso apenas afirmar a minha convicção de que se trata de uma regra de elevada generalidade. Estou ciente de diversas causas de erro, mas espero tê-las tomado apropriadamente em consideração. Deve-se compreender que a regra não se aplica, de maneira alguma, a qualquer parte, por muito invulgarmente desenvolvida, a menos que o seja por comparação com a mesma parte em espécies intimamente próximas. Assim, a asa do morcego é uma estrutura muitíssimo anormal na classe dos mamíferos; mas a regra não se aplicaria aqui, porque há todo um grupo de morcegos que têm asas; aplicar-se-ia apenas se uma espécie de morcego tivesse asas desenvolvidas de uma maneira notável por comparação com as outras espécies do mesmo género. A regra aplica-se com bastante força no caso dos caracteres sexuais secundários, quando exibidos de qualquer maneira inabitual. O termo, «caracteres sexuais secundários», usado por Hunter, aplica-se a caracteres que estão associados a um sexo, mas não directamente ligados ao acto de reprodução.





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