A Origem das Espécies - Cap. 8: CAPÍTULO VII
INSTINTO Pág. 253 / 524

As abelhas, evidentemente, têm tanto conhecimento de que dragaram as suas esferas a uma distância particular entre si como têm consciência de quais os diversos ângulos dos prismas hexagonais e das placas rômbicas basilares. A economia de cera foi a força motriz do processo de selecção natural; o enxame individual desperdiçou menos mel na secreção de cera, sendo o mais bem-sucedido e tendo transmitido hereditariamente o seu novo instinto económico a novos enxames, que por sua vez terão tido a melhor hipótese de ser bem-sucedidos na luta pela existência.

Não há dúvida de que se poderia opor à teoria da selecção natural diversos instintos muito difíceis de explicar - casos em que não conseguimos ver como um instinto se poderia ter originado; casos em que se desconhece a existência de quaisquer gradações intermédias; casos de instintos aparentemente tão pouco importantes que a selecção natural dificilmente actuaria sobre eles; casos de instintos quase idênticos em animais tão afastados na escala da natureza que não conseguimos explicar a sua semelhança através da herança de um antecessor comum e temos portanto de acreditar que foram adquiridos por actos independentes de selecção natural. Não entrarei aqui nestes diversos casos, mas limitar-me-ei a uma dificuldade especial, que a princípio me pareceu insuperável e na verdade fatal para toda a minha teoria. Refiro-me aos indivíduos assexuados ou fêmeas estéreis nas comunidades de insectos: pois estas assexuadas frequentemente diferem muito em instinto e estrutura, tanto dos machos como das fêmeas férteis e, no entanto, por serem estéreis, não podem propagar o seu tipo.

O assunto bem merece ser discutido em grande fôlego, mas vou considerar aqui um só caso, o das formigas operárias ou estéreis.





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