Capítulo 8: CAPÍTULO VII INSTINTO
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A questão de como as operárias se tornaram estéreis é uma dificuldade; mas não muito maior do que qualquer outra impressionante modificação de estrutura; pois pode-se mostrar que alguns insectos e outros animais articulados em estado de natureza se tornam ocasionalmente estéreis; e se tais insectos fossem sociais e se fosse vantajoso para a comunidade que nascessem anualmente certo número de indivíduos capazes de trabalhar mas incapazes de procriar, não vejo grande dificuldade nisto se realizar através da selecção natural. Mas tenho de pôr de lado esta dificuldade preliminar. A grande dificuldade está na enorme diferença entre as formigas operárias e, simultaneamente, os machos e as fêmeas férteis, no que se refere à estrutura, à forma do tórax, à ausência de asas e, por vezes, de olhos e ao instinto. No que se refere exclusivamente ao instinto, a prodigiosa diferença neste aspecto entre as operárias e as fêmeas perfeitas teria sido muito mais bem exemplificada pela abelha-operária. Se uma formiga operária ou outro insecto assexuado fosse um animal no estado normal, eu teria pressuposto sem hesitar que todos os seus caracteres tinham sido lentamente adquiridos através da selecção natural; nomeadamente, por um indivíduo ter nascido com uma ligeira modificação vantajosa de estrutura, sendo esta herdada pelos seus descendentes, que mais uma vez variaram e mais uma vez foram seleccionados, e assim sucessivamente. Mas, no caso da formiga operária, temos um insecto que difere amplamente dos seus pais e no entanto é absolutamente estéril; de modo que nunca poderia ter transmitido à sua progénie modificações de estrutura ou instinto adquiridas sucessivamente. Pode-se muito bem perguntar: como é possível reconciliar este caso com a teoria
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