A Origem das Espécies - Cap. 9: CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO Pág. 290 / 524

vez, nas plantas como nos animais, abundam os indícios de que um cruzamento entre indivíduos muito distintos, pertencentes à mesma espécie, ou seja, entre membros de diferentes linhagens ou sublinhagens, dá vigor e fertilidade à prole. Creio, na verdade, pelos factos aludidos no Capítulo IV, que uma certa quantidade de cruzamento é indispensável mesmo nos hermafroditas; e que o entrecruzamento próximo contínuo durante várias gerações entre os seres mais próximos, especialmente se estes forem mantidos nas mesmas condições de vida, causa sempre fraqueza e esterilidade na progénie.

Por esta razão, parece que, por um lado, as alterações ligeiras nas condições de vida beneficiam todos os seres orgânicos, e, por outro lado, que os cruzamentos ligeiros, isto é, cruzamentos entre machos e fêmeas da mesma espécie que variaram e se tornaram ligeiramente diferentes, dão vigor e fertilidade à prole. Mas vimos que alterações maiores, ou alterações de uma natureza particular, frequentemente tornam os seres orgânicos estéreis em maior ou menor grau; e que os cruzamentos maiores, isto é, cruzamentos entre machos e fêmeas que se tornaram ampla ou especificamente diferentes, produzem híbridos que são em geral estéreis em algum grau. Não me convenço de que este paralelismo é um acidente ou uma ilusão. Ambas as séries de factos parecem estar ligadas por algum vínculo comum mas desconhecido, que se relaciona essencialmente com o princípio da vida.

A fertilidade das variedades quando cruzadas e da sua prole mista. - Pode-se instar, como um argumento extremamente convincente, que tem de haver alguma distinção essencial entre espécies e variedades, e que tem de haver algum erro em todas as observações anteriores, na medida em que as variedades, por muito que difiram entre si na aparência exterior, cruzam com perfeita facilidade e geram prole perfeitamente fértil.





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