A Origem das Espécies - Cap. 12: CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Pág. 398 / 524

razões a que já se aludiu, que os nossos continentes permaneceram durante muito tempo quase na mesma posição relativa, embora sujeitos a grandes mas parciais oscilações de nível, inclino-me fortemente a alargar a perspectiva anterior e inferir que, durante um período mais primitivo e mais quente, tal como o período Plioceno mais antigo, um grande número das mesmas plantas e animais habitou a quase contínua terra circumpolar; e que estas plantas e animais, do Velho e Novo Mundos, começaram lentamente a migrar para sul à medida que o clima se tornava menos quente, muito antes do início do período glacial. Hoje observamos, segundo creio, os seus descendentes, sobretudo numa condição modificada, nas partes centrais da Europa e dos Estados Unidos. Segundo esta perspectiva, podemos compreender o relacionamento, com pouquíssima identidade, entre as produções da América do Norte e da Europa - uma relação que é sobremaneira notável, considerando a distância entre as duas áreas e o facto de estarem separadas pelo Oceano Atlântico. Podemos compreender ainda o facto singular, comentado por diversos observadores, de que as produções da Europa e América durante os últimos estágios terciários eram mais intimamente próximas entre si do que são hoje em dia; pois, durante estes períodos mais quentes, as partes setentrionais do Velho e Novo Mundos terão estado quase continuamente unidas por terra, servindo de ponte, desde então tornada intransponível pelo frio à intermigração dos seus habitantes.

Durante o lento decréscimo de calor no período Pliocénico, assim que as espécies comuns, que habitavam o Novo e Velho Mundos, migraram para sul do Círculo Polar, têm de ter ficado completamente isoladas umas das outras. Esta separação, no que diz respeito às produções mais temperadas, teve lugar há muito tempo.





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