A Origem das Espécies - Cap. 13: CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação) Pág. 415 / 524

debaixo de água, na margem de um pequeno lago; esta lama, depois de seca, pesava apenas 170 gramas; mantive-a coberta no meu estúdio durante seis meses, destapando e contando cada planta à medida que crescia; as plantas eram de muitos tipos, perfazendo 537; e, no entanto, a lama viscosa cabia toda numa chávena!

Considerando estes factos, penso que seria uma circunstância inexplicável se as aves aquáticas não transportassem as sementes de plantas de água doce até grandes distâncias, e se consequentemente a distribuição destas plantas não fosse muito grande. O mesmo factor pode ter influído nos ovos de alguns dos animais de água doce mais pequenos.

Outros factores desconhecidos desempenharam também provavelmente um papel. Afirmei que os peixes de água doce comem alguns tipos de sementes, embora rejeitem muitos outros depois de os terem engolido; mesmo os peixes pequenos engolem sementes de tamanho moderado, como os lírios aquáticos amarelos e o potamogeto. As garças e outras aves devoram peixes diariamente, século após século; depois levantam voo e vão para outras águas, ou são arrastadas através do mar; e vimos que as sementes retêm o seu poder de germinação, quando rejeitadas em pequenas bolas ou nos excrementos, muitas horas depois. Quando vi o grande tamanho das sementes daquele excepcional lírio aquático, o Nelumbium, e recordei as observações de Alph. De Candolle sobre esta planta, pensei que a sua distribuição teria de permanecer completamente inexplicável; mas Audubon afirma ter descoberto as sementes do grande lírio aquático meridional (provavelmente, segundo o Dr. Hooker, o Nelumbium luteum) no estômago de uma garça; embora eu desconheça o facto, a analogia faz-me crer que uma garça voando para outro lago





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