A Origem das Espécies - Cap. 13: CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação) Pág. 420 / 524

A Madeira, mais uma vez, é habitada por um maravilhoso número de moluscos terrestres peculiares, ao passo que nem uma espécie de molusco marinho está confinada às suas zonas costeiras: embora não saibamos como os moluscos marinhos se dispersam, podemos ver que os seus ovos ou larvas, talvez agarrados a algas ou a madeira flutuante ou aos pés de aves pernaltas, podiam ser transportados muito mais facilmente do que os moluscos terrestres, através de 300 ou 400 milhas de mar aberto. As diferentes ordens de insectos na Madeira aparentemente apresentam factos análogos.

As ilhas oceânicas são por vezes imperfeitas em determinadas classes e os seus espaços são aparentemente ocupados por outros habitantes; os répteis nas Ilhas Galápagos e as aves ápteras gigantes na Nova Zelândia ocupam o lugar dos mamíferos. O Dr. Hooker mostrou que os números proporcionais das diferentes ordens de plantas das Ilhas Galápagos diferem muito do de outros locais. Tais casos são geralmente explicados pelas condições físicas das ilhas; mas esta explicação parece-me algo duvidosa. Creio que a facilidade da imigração foi pelo menos tão importante como a natureza das condições.

Poder-se-ia apresentar muitos pequenos factos notáveis a respeito dos habitantes de ilhas remotas. Por exemplo, em certas ilhas não habitadas por mamíferos, algumas das plantas endémicas têm sementes com magníficos ganchos; porém, poucas relações são mais impressionantes do que a adaptação de sementes com ganchos ao transporte na lã e pêlo de quadrúpedes. Este caso não apresenta qualquer dificuldade na minha perspectiva, pois uma semente com gancho poderia ser transportada para uma ilha por outro meio qualquer; e a planta então modificar-se-ia ligeiramente, mantendo no entanto as suas





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