A Origem das Espécies - Cap. 13: CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação) Pág. 426 / 524

Porém, tem de haver, segundo a minha perspectiva, algum meio desconhecido mas muito eficiente para o seu transporte. Será que as crias acabadas de sair do ovo rastejariam e adeririam aos pés das aves que dormem no solo, sendo assim transportadas? Ocorreu-me que os moluscos terrestres, quando hibernam e quando têm um diafragma sobre a abertura da concha, poderiam flutuar nas fendas de madeira à deriva através de braços de mar moderadamente amplos. E descobri que diversas espécies neste estado resistiram a uma imersão em água do mar incólumes durante sete dias: um destes moluscos era a Helix pomatia, e depois de ter hibernado novamente, coloquei-o em água do mar durante 20 dias, e recuperou perfeitamente. Uma vez que esta espécie tem um espesso opérculo calcário, retirei-o e, quando formou um novo opérculo membranoso, imergi-o durante 14 dias em água do mar, recuperou e afastou-se a rastejar: mas é preciso fazer mais experiências nesta área.

O facto mais surpreendente e importante para nós no que se refere aos habitantes das ilhas é a sua afinidade aos do continente mais próximo, sem que se trate efectivamente das mesmas espécies. Poder-se-ia dar numerosos exemplos deste facto. Darei apenas um, o do Arquipélago das Galápagos, situado sob o equador, entre 500 a 600 milhas do litoral sul-americano. Aí, quase todo o produto terrestre e aquático exibe a inequívoca marca do continente americano. Há 26 aves terrestres, sendo 25 classificadas pelo Sr. Gould como espécies distintas, supostamente ali criadas; porém, a íntima afinidade de quase todas estas aves, na sua maioria, às espécies americanas em cada carácter, nos seus hábitos, gestos e timbre vocal, era manifesta. O mesmo sucede com os outros animais e quase todas as plantas, como mostrou o Dr.





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