Todas as observações anteriores sobre os habitantes das ilhas oceânicas - nomeadamente, a escassez de tipos, a abundância de formas endémicas em classes particulares ou secções de classes, a ausência de grupos inteiros, como batráquios, e de mamíferos terrestres apesar da presença de morcegos aéreos, as proporções singulares de certas ordens de plantas, as formas herbáceas que se desenvolveram até se tornarem árvores, etc. - parecem-me harmonizar-se melhor com a perspectiva de os meios ocasionais de transporte terem sido bastante eficientes a longo prazo, do que com a perspectiva de todas as nossas ilhas oceânicas terem outrora estado unidas por continuidade terrestre ao continente mais próximo; pois, segundo esta última perspectiva, a migração teria provavelmente sido mais completa; e, admitindo a modificação, todas as formas de vida se teriam modificado mais igualmente, de acordo com a máxima importância da relação de organismo a organismo.
Não nego que há muitas dificuldades graves em compreender como diversos habitantes das ilhas mais remotas, quer retenham ainda a mesma forma específica quer se tenham modificado desde a sua chegada, poderiam ter alcançado os seus ambientes actuais. Mas não se pode ignorar a probabilidade de terem existido muitas ilhas como pontos de paragem, das quais não resta hoje um único vestígio. Darei aqui um único exemplo de um dos casos de dificuldade. Quase todas as ilhas oceânicas, mesmo as mais isoladas e pequenas, são habitadas por moluscos terrestres, geralmente por espécies endémicas, mas ocasionalmente por espécies encontradas alhures. O Dr. Aug A. Gould apresentou diversos casos interessantes a respeito dos moluscos terrestres das ilhas do Pacífico. Sabe-se que o sal destrói com muita facilidade os moluscos terrestres; os seus ovos, pelo menos aqueles que usei nas minhas experiências, afundam-se na água do mar e são destruídos por ela.