A Origem das Espécies - Cap. 13: CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação) Pág. 428 / 524

As excepções são poucas e na sua maioria explicáveis. Assim, as plantas das Ilhas Kerguelen, embora situadas mais perto de África do que da América, são próximas, e muito intimamente, como sabemos pela descrição do Dr. Hooker, às da América: segundo a perspectiva de que esta ilha foi principalmente povoada por sementes transportadas juntamente com terra e pedras em icebergues, arrastados pelas correntes predominantes, esta anomalia desaparece. As plantas endémicas da Nova Zelândia são muito mais semelhantes às Austrália, o continente mais próximo, do que às de qualquer outra região: e isto é o que se poderia esperar; mas também tem uma relação evidente com a América do Sul, que, apesar de ser o continente mais próximo, é de tal maneira remoto que o facto se converte em anomalia. Mas esta dificuldade quase desaparece na perspectiva de que tanto a Nova Zelândia como a América do Sul e outros territórios meridionais foram há muito tempo parcialmente povoados a partir de um ponto semi-intermédio ainda que distante, nomeadamente, as ilhas antárcticas, quando estavam revestidas de vegetação, antes do início do período glacial. A afinidade, que, apesar de débil, o Dr. Hooker me assegura ser real, entre a flora do sudoeste australiano e a do Cabo da Boa Esperança, é um caso muitíssimo mais extraordinário e de momento inexplicável: mas esta afinidade está confinada às plantas e, não tenho dúvidas, irá um dia ser explicada.

Observamos por vezes, em pequena escala, nos limites do mesmo arquipélago, a lei pela qual os habitantes de um arquipélago, embora especificamente distintos, são intimamente aparentados com os do continente mais próximo, porém de uma maneira muitíssimo interessante. Assim, as diversas ilhas do Arquipélago das Galápagos





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