A Origem das Espécies - Cap. 13: CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação) Pág. 434 / 524

O mesmo acontece com a maioria das produções de água doce, em que muitos géneros se distribuem em todo o mundo e muitas espécies individuais têm distribuições enormes. Não se trata de afirmar que, nos géneros de distribuição mundial, todas as espécies têm distribuição ampla, ou mesmo que têm em média distribuição ampla; mas apenas que algumas das espécies têm uma distribuição muito ampla; pois a facilidade com que as espécies de ampla distribuição variam e dão origem a novas formas determinará em grande medida a sua distribuição média. Por exemplo, duas variedades da mesma espécie habitam a América e a Europa, e assim a espécie tem uma distribuição imensa; mas se a variação fosse um pouco maior, as duas variedades seriam classificadas como espécies distintas e a distribuição comum seria muito reduzida. Ainda menos se trata de afirmar que uma espécie que aparentemente tem a capacidade de transpor barreiras e distribuir-se amplamente, como no caso de certas aves com asas poderosas, terá necessariamente uma distribuição ampla; pois nunca deveríamos esquecer que ter uma distribuição ampla envolve não só o poder de transpor barreiras, mas o poder mais importante de ser vitorioso em terras distantes na luta pela vida com alienígenas próximos.

Mas, segundo a perspectiva de que todas as espécies de um género descendem de uma única antecessora, embora hoje se distribua pelos pontos mais remotos do mundo, deveríamos descobrir, e creio que regra geral descobrimos, que pelo menos algumas das espécies têm uma distribuição muito ampla; pois é necessário que a antecessora imodificada tivesse uma distribuição ampla, sofrendo modificação durante a sua difusão, colocando-se a si própria numa diversidade de condições favoráveis à conversão da sua prole, primeiro em novas variedades e por fim em novas espécies.





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