A Origem das Espécies - Cap. 14: CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES. Pág. 462 / 524

Pois a antecessora comum de toda uma família de espécies, hoje dividida pela extinção em grupos e subgrupos distintos, terá transmitido alguns dos seus caracteres, modificados de várias maneiras e graus, a todos; e as diversas espécies serão consequentemente aparentadas entre si por linhas de afinidade sinuosas e de extensão variável (como se pode ver no diagrama tão frequentemente referido), acumulando-se através de muitos predecessores. Dada a dificuldade de mostrar a consanguinidade entre os numerosos parentes de qualquer família antiga e nobre, mesmo com a ajuda de uma árvore genealógica, é quase impossível fazê-lo sem esta ajuda, podemos compreender a extraordinária dificuldade que os naturalistas sentiram ao descrever, sem a ajuda de um diagrama, as várias afinidades que percebem entre os muitos membros vivos e extintos da mesma grande classe natural.

A extinção, como vimos no Capítulo IV, desempenhou um papel importante na definição e alargamento dos intervalos entre os diversos grupos em cada classe. Podemos assim explicar mesmo a distinção de classes inteiras entre si - por exemplo, a distinção entre as aves e todos os outros animais vertebrados - pela crença de que se perderam completamente muitas formas de vida antigas, através das quais os progenitores primitivos das aves estavam outrora ligados aos progenitores primitivos das outras classes de vertebrados. Tem havido menos extinção total das formas de vida que outrora ligaram os peixes aos batráquios. Tem havido ainda menos noutras classes, como nos crustáceos, pois aqui as formas mais maravilhosamente diversas estão ainda interligadas por uma longa mas descontínua cadeia de afinidades. A extinção apenas separou os grupos: de maneira nenhuma os fez; pois se cada forma





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