A Origem das Espécies - Cap. 14: CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES. Pág. 472 / 524

A partir de adaptações tão especiais, a semelhança das larvas ou embriões activos de animais próximos é por vezes muito obscurecida; e poder-se-ia apresentar casos de larvas de duas espécies, ou de dois grupos de espécies, que diferem tanto ou mais entre si do que os seus antecessores adultos. Na maioria dos casos, todavia, as larvas, embora activas, ainda seguem mais ou menos intimamente a lei da semelhança embrionária comum. Os cirrípedes dão um bom exemplo disto: mesmo o ilustre Cuvier não se apercebeu de que a craca era, como seguramente é, um crustáceo; mas um olhar sobre a larva mostra-o inequivocamente. Pelo que, mais uma vez, as duas principais divisões de cirrípedes pedunculados e sésseis, que diferem amplamente na aparência exterior, têm larvas quase indistinguíveis em todas as suas diversas etapas.

O embrião, no decorrer do seu desenvolvimento, geralmente adquire uma organização mais complexa: uso esta expressão, embora esteja ciente de que dificilmente é possível definir com clareza o que se entende por a organização ser superior ou inferior. Mas provavelmente ninguém contestará que a borboleta é superior à lagarta. Em alguns casos, todavia, o animal maduro é geralmente considerado inferior na escala relativamente à larva, como acontece com certos parasitas crustáceos. Referindo mais uma vez os cirrípedes: as larvas na primeira etapa têm três pares de pernas, um único olho muito simples, e uma boca probosciforme, com a qual se alimentam abundantemente, pois aumentam muito em tamanho. Na segunda etapa, correspondente à fase da crisálida nas borboletas, têm seis pares de pernas natatórias maravilhosamente construídas, um par de magníficos olhos compostos e antenas extremamente complexas; mas têm uma boca fechada e imperfeita,





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