A Origem das Espécies - Cap. 3: CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA Pág. 53 / 524

Portanto, ao determinar se uma forma deve ser classificada como espécie ou como variedade, a opinião dos naturalistas dotados de bom discernimento e uma ampla experiência é aparentemente o nosso único guia. Contudo, em muitos casos, temos de decidir por uma maioria de naturalistas, visto que poucas variedades bem marca das e bem conhecidas se podem nomear, pelo menos as que alguns especialistas competentes não tenham classificado como espécies.

É incontestável que as variedades com esta natureza duvidosa estão longe de ser incomuns. Compare-se as diversas floras do Reino Unido, de França ou dos Estados Unidos, desenhadas por diferentes botânicos, e veja-se o número surpreendente de formas que foram classificadas por um botânico como espécies genuínas e por outro como meras variedades. O Sr. H.C. Watson, a quem muito devo por toda a assistência que me prestou, chamou-me a atenção para 182 plantas britânicas, que geralmente se considera variedades, mas que foram todas classificadas como espécies por botânicos; ao fazer esta lista, Watson omitiu muitas variedades insignificantes, mas que apesar disso foram classificadas como espécies por alguns botânicos, e omitiu inteiramente diversos géneros muitíssimo polimórficos. O Sr. Babington conta sob os géneros 251 espécies, incluindo as formas mais polimórficas, enquanto o Sr. Bentham conta apenas 112 - uma diferença de 139 formas duvidosas! Nos animais que acasalam para cada nascimento e se deslocam constantemente, as formas duvidosas que um zoólogo classifica como espécies e outro como variedades raramente se encontram na mesma região, embora sejam comuns em áreas separadas. Quantas aves e insectos na América do Norte e na Europa, que diferem entre si muito ligeiramente, foram sem





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