Capítulo 3: CAPÍTULO II VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
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hesitar classificados por um ilustre naturalista como espécies e por outro como variedades, ou, como por vezes são designadas, «raças geográficas»! Há muitos anos, ao comparar e observar outros compararem as aves das diferentes ilhas do Arquipélago das Galápagos, umas com as outras e também com as aves do continente americano, impressionou-me imenso a que ponto a distinção entre espécies e variedades é vaga e arbitrária. Nas ilhotas do pequeno grupo da Madeira há muitos insectos caracterizados na admirável obra do Sr. Wollaston como variedades, mas que indubitavelmente seriam classificadas por muitos entomólogos como espécies distintas. Mesmo a Irlanda tem alguns animais que hoje são geralmente considerados variedades, mas que foram classificados como espécies por alguns zoólogos. Alguns ornitólogos muitíssimo experientes consideram o nosso lagópode britânico como uma mera variedade fortemente marcada de uma espécie norueguesa, enquanto a maioria o classifica para lá de qualquer dúvida como uma espécie peculiar do Reino Unido. Uma ampla distância entre as localizações de duas formas duvidosas leva muitos naturalistas a classificar ambas como espécies distintas; mas, como muito oportunamente se perguntou, qual será a distância suficiente? Se a distância entre a América e a Europa é vasta, será que a distância entre o continente e os Açores, a Madeira, as Canárias, ou a Irlanda é suficiente? Há que admitir que muitas formas, consideradas como variedades por especialistas muitíssimo competentes, têm tão perfeitamente o carácter de espécies que são classificadas como espécies genuínas por outros especialistas muitíssimo competentes. Mas discutir se é adequado designá-las como «espécies» ou «variedades», antes de qualquer definição destes termos ter sido geralmente aceite, é absolutamente inútil.
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