A Origem das Espécies - Cap. 3: CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA Pág. 59 / 524

Hooker, inclusive em termos mais vigorosos. Reservarei a discussão destas dificuldades, e as próprias tabelas dos números proporcionais das espécies variantes, para o meu trabalho futuro. O Dr. Hooker permite-me acrescentar que depois de ler cuidadosamente o meu manuscrito e examinar as tabelas, pensa que as afirmações seguintes estão razoavelmente bem estabelecidas. Todo o assunto, porém, sendo aqui necessariamente tratado com muita brevidade, é um tanto desconcertante, e não há como evitar as alusões à «luta pela existência», «divergência de carácter» e outras questões a discutir mais tarde.

Alph. De Candolle e outros mostraram que as plantas com distribuição muito ampla apresentam em geral variedades; e isto poder-se-ia prever, dado que estão expostas a uma diversidade de condições físicas e entram em competição (o que, como veremos mais tarde, é uma circunstância muito mais importante) com diferentes grupos de seres orgânicos. Mas as minhas tabelas mostram ainda que, em qualquer região delimitada, as espécies mais comuns, ou seja, as que são mais abundantes em indivíduos, e as espécies mais amplamente disseminadas na sua própria região (e esta é uma consideração diferente da amplitude de distribuição e, até certo ponto, de quão comuns são), dão frequentemente origem a variedades suficientemente bem marca das para terem sido registadas em obras de botânica. São portanto as espécies mais prósperas ou «espécies dominantes», como se pode designá-las - as que têm distribuição ampla em todo o mundo, que estão mais disseminadas na sua região de origem e que têm maior número de indivíduos - as que mais frequentemente produzem variedades bem marcadas, ou «espécies incipientes», segundo o meu modo de as considerar. E talvez isto pudesse





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