A Origem das Espécies - Cap. 3: CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA Pág. 61 / 524

A causa de as plantas cuja organização é inferior estarem amplamente distribuídas será discutida no nosso capítulo sobre a distribuição geográfica.

Considerar as espécies como apenas variedades fortemente marcadas e bem definidas, fez-me antecipar que as espécies dos géneros maiores em cada região apresentariam variedades mais frequentemente do que as espécies dos géneros menores; pois onde quer que se tenham formado muitas espécies intimamente próximas (ou seja, espécies pertencentes ao mesmo género), regra geral estarão hoje a formar-se muitas variedades, ou espécies incipientes. Onde crescem muitas árvores grandes, esperamos encontrar árvores jovens. Onde muitas espécies de um género se formaram através de variação, as circunstâncias foram favoráveis à variação; e por essa razão poderíamos esperar que as circunstâncias permanecessem geralmente favoráveis à variação. Por outro lado, se consideramos cada espécie como um acto especial de criação, não há qualquer razão evidente pela qual devessem ocorrer mais variedades num grupo que contém muitas espécies do que num grupo que contém poucas.

Para testar a verdade desta previsão, dispus as plantas de 12 países e os insectos coleópteros de duas regiões em dois grupos quase iguais, num grupo as espécies pertencentes aos géneros maiores e no outro grupo as pertencentes aos géneros menores, tendo-se provado invariavelmente que as espécies no grupo dos géneros maiores apresentam uma maior proporção de variedades do que as espécies no grupo dos géneros menores. Além disso, as espécies pertencentes aos géneros maiores, que apresentam quaisquer variedades, apresentam invariavelmente, em média, maior número de variedades do que as espécies pertencentes aos géneros pequenos. Obtém-se os mesmos resultados fazendo outra divisão e excluindo absolutamente das tabelas todos os géneros menores, que não contêm mais do que uma a quatro espécies.





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