A Origem das Espécies - Cap. 4: CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA Pág. 75 / 524

Tão-pouco isto surpreenderá quem quer que reflicta no quanto ignoramos acerca desta matéria, mesmo no que se refere à humanidade, da qual se sabe incomparavelmente mais do que acerca de qualquer outro animal. Este assunto foi competentemente tratado por diversos autores e, no meu trabalho futuro, discutirei pormenorizadamente algumas destas restrições, em particular no que se refere aos animais selvagens da América do Sul. Aqui farei só algumas observações, apenas para recordar ao leitor alguns dos pontos principais. Os ovos ou os animais muito jovens aparentemente são os que em geral mais sofrem, ainda que nem sempre seja assim. Nas plantas há uma vasta destruição de sementes, mas, a partir de algumas observações que fiz, creio que são as plantas jovens que sofrem mais quando germinam num solo já densamente povoado por outras plantas. As plantas jovens, além disso, são destruídas em grande quantidade por vários inimigos; por exemplo, num pedaço de terreno com 90 centímetros de comprimento e 60 de largura, amanhado e limpo, onde não podia haver sufocamento por outras plantas, assinalei todas as plantas jovens oriundas das sementes das nossas ervas nativas à medida que abriam e de 357 não menos do que 295 foram destruídas, sobretudo por lesmas e insectos. Se se deixa crescer erva que foi ceifada durante muito tempo, acontecendo o mesmo com a erva que serve frequentemente de pasto a quadrúpedes, as plantas mais vigorosas matam gradualmente as plantas menos vigorosas, ainda que maduras: assim, em 20 espécies a crescer numa pequena porção de relvado (com 90 por cento e 20 centímetros), nove espécies pereceram por se ter permitido que as outras espécies crescessem livremente.

A quantidade de alimento disponível para cada espécie estabelece





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