Apocalipse - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 39 / 180

De repente voltamos a sentir a nostalgia do velho mundo pagão que é muito anterior à época de João, sentimos uma ansiedade imensa por nos libertarmos deste estorvo mesquinho e pessoal que a miserável vida é, por voltarmos ao mundo remoto anterior aos homens que se tornaram «medrosos». Queremos libertar-nos do nosso «universozinho» sufocante e automático, voltar ao grande e vivo cosmo dos «não-iluminados» pagãos.

A maior diferença entre nós e os pagãos talvez resida na relação diferente que temos com o cosmo. Para nós, tudo é pessoal. Para nós, paisagem e céu são o delicioso fundo da nossa vida pessoal, e mais nada. Para nós, mesmo o universo do cientista pouco mais é do que uma extensão da nossa personalidade. Para o pagão, a paisagem e o fundo pessoal não tinham importância nenhuma. O cosmo, porém, era algo de muito real. O homem vivia com o cosmo e sabia-o maior do que ele.

Não vá pensar-se que vemos o sol como as antigas civilizações o viam. Tudo quanto vemos é um pequeno astro científico reduzido a uma bola de gás incandescente. Nos séculos anteriores a Ezequiel e a João, o sol ainda era uma realidade magnífica da qual os homens extraíam força e esplendor, à qual retribuíam com homenagens, glória e agradecimentos.





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