Apocalipse - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 41 / 180

Quem disse que o sol me não pode falar? O sol tem uma grande e ardente consciência, e eu tenho uma pequena e ardente consciência. Quando eu conseguir desfazer-me do lixo dos sentimentos e das ideias pessoais, e descer até à nudez do meu eu solar, nesse momento o sol e eu poderemos comungar, fazer um intercâmbio ardente e ele dar-me-á vida, vida solar, enquanto eu lhe forneço um pouco de claridade nova, chegada do mundo de sangue vivo. O grande sol, como um dragão irado, aquele que odeia a nossa nervosa consciência pessoal. Tal como devem compreendê-lo todos estes modernos adeptos dos banhos de sol, pois são desintegrados pelo mesmo sol que os bronzeia. O sol, porém, ama como um leão o vermelho e vivo sangue da vida, e se soubermos como recebê-lo pode fazê-lo enriquecer infinitamente. Mas não sabemos. Perdemos o sol. E ele agora só pode cair-nos em cima e destruir-nos, decompondo qualquer coisa que em nós existe: o dragão da destruição, em vez de ser fornecedor de vida.

E também perdemos a lua, a lua fria, brilhante e sempre variável. Ela é quem gostaria de nos acariciar os nervos, de os polir com a sedosa mão da sua incandescência, de voltar a acalmá-los serenamente com a sua presença fria.





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