Apocalipse - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 6 / 180

Coisa espantosa esta, de os livros se alterarem por completo quando volto a lê-los cinco anos mais tarde. Alguns ganham imenso, são novos. De tão surpreendente forma se modificam, que uma pessoa até duvida da sua identidade. Já outros perdem muitíssimo. Voltei a ler Guerra e Paz, e espantou-me verificar como me emocionava tão pouco; quase me assustava pensar no enlevo que um dia eu tinha sentido e nessa ocasião já não sentia.

Pois é assim mesmo. Uma vez sondado, uma vez conhecido e fixado ou estabelecido o sentido, o livro morre. Um livro só vive enquanto tiver o poder de nos emocionar, e de nos emocionar de modo diferente; enquanto nos parecer diferente de cada vez que o lermos. Devido à torrente de livros superficiais que se gastam realmente numa só leitura, a mente moderna tem tendência para achar que todos são a mesma coisa, que acabam depois de uma leitura. Isto não é, porém, verdade. E a mente moderna voltará, de forma gradual, a aperceber-se disso. O verdadeiro prazer de um livro está em o relermos vezes a fio e acharmo-lo sempre diferente, descobrir-lhe outro significado, um outro grau de significação.





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