Madame Bovary - Cap. 16: VIII Pág. 172 / 382

Tornou a vê-la à noite, durante o fogo-de-artifício; mas ela estava cem

? marido, com a Sr. Homais e o farmacêutico, que se afligia muito com

? perigo dos foguetes perdidos e abandonava a cada momento o grupo para ir fazer recomendações a Binet.

As peças pirotécnicas, enviadas em nome do Sr. Tuvache, tinham, por excesso de precaução, estado fechadas na cave deste; por essa razão, a pólvora húmida ardia mal e o principal trabalho, que devia representar um dragão mordendo a própria cauda, falhou completamente. De vez em quando lá disparava um pobre foguete de lágrimas; então, a multidão de boca aberta soltava um clamor, a que se juntava o grito das mulheres a quem apalpavam durante a escuridão. Emma, silenciosa, encostava-se docemente ao ombro de Charles; depois, erguendo o queixo, seguia no céu negro a trajectória dos foguetes. Rodolphe contemplava-a à luz dos balões que ardiam.

Estes foram-se extinguindo pouco a pouco. As estrelas acenderam-se.

Chegaram a cair algumas gotas de chuva e ela atou o lenço sobre a cabeça desprotegida.

Nesse momento saiu da estalagem o fiacre do conselheiro. O cocheiro, que estava bêbedo, ficou subitamente calmo; e de longe, por cima da capota, entre duas lanternas, avistava-se-lhe o vulto balouçando-se da direita para a esquerda segundo os solavancos da carruagem.

- Na verdade - disse o boticário -, devia-se punir severamente a embriaguez! Gostava que se inscrevessem, semanalmente, à porta da Câmara, num quadro ad hoc, os nomes de todos aqueles que se tivessem intoxicado com álcool. Além disso, no aspecto estatístico, ficar-se-ia com uma espécie de registos-patentes que, em caso de necessidade... Mas desculpem.

E correu novamente para o comandante dos bombeiros.





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