Este voltava para casa. Ia rever o seu torno.
-Talvez não fosse mau - disse-lhe Homais - mandar um dos seus homens ou ir você mesmo...
- Deixe-me em paz - respondeu o tesoureiro. - Não há nada!
- Podem estar sossegados - disse o boticário, quando voltou para junto dos amigos. - O Sr. Binet garantiu-me que foram tomadas todas as medidas. Não caiu nem uma fagulha. As bombas estão cheias. Vamos dormir.
- Bem precisada estou! - disse a Sr. Homais, que continuamente bocejava. - Mas, mesmo assim, tivemos um belíssimo dia para a nossa festa.
Rodolphe repetiu em voz baixa e com olhar terno:
- Oh, sim, um dia belíssimo!
E, feitas as despedidas, todos se voltaram costas.
Dois dias depois aparecia, em Le Fanal de Rouen, um grande artigo sobre os comícios. Escrevera-o Homais, com muita verve, logo no dia seguinte: «Qual o motivo daqueles festões, daquelas flores, daquelas grinaldas?
Para onde corria a multidão, como ondas de um mar enfurecido, sob as torrentes de um sol tropical derramando o seu calor sobre a nossa campina?»
Em seguida falava a respeito da condição dos camponeses. Certamente que o governo já fazia muito, mas ainda não era o suficiente! «Coragem!», bradava ele; «há mil reformas que são indispensáveis, vamos realizá-las.» Depois, abordando a chegada do conselheiro, não esquecia «o aspecto marcial da nossa milícia», nem «as nossas buliçosas aldeãs», nem tão-pouco «os velhos calvos, espécie de patriarcas que ali se achavam, alguns dos quais, despojos das nossas imortais falanges, sentiam ainda palpitar-lhes o coração ao som varonil dos tambores». Citava-se a si próprio como um dos principais membros do júri, e até lembrava, numa nota, que o Sr. Homais, farmacêutico, enviara à Sociedade de Agricultura uma memória sobre a sidra.