A Ilha Misteriosa - Cap. 18: CAPÍTULO VII Pág. 107 / 186

Para tanto, impunha-se a construção de um moinho e, entre um hidráulico e um de vento, os colonos optaram por este último por ser o mais fácil. Na verdade, os ventos do planalto dariam uma força motriz inesgotável. As mós foram arranjadas com a excelente pedra de grés que abundava na parte norte do lago, enquanto as velas saíram do tecido do balão que, pelos vistos, dava para tudo! Faltava agora erguer o moinho propriamente dito, e a essa tarefa se dedicaram de corpo e alma o marinheiro e o jovem negro, tornados carpinteiros de primeiríssima classe.

Foi assim que, no primeiro dia do mês de Dezembro, Pencroff, remirando-se na obra, só pedia uma coisa:

- Vá, agora que venha vento e do bom, para que se veja como é que se mói trigo!

- Bom vento, está bem, Pencroff, mas que não seja de mais... - dizia o engenheiro, a sorrir.

Os elementos ouviram as preces do marinheiro e mandaram um vento tão favorável que, em pouco tempo, o trigo armazenado estava todo moído. Procedeu-se, então, ao amassar da farinha e à cozedura do pão que, pela primeira vez, acompanhou a refeição dos colonos, deliciados com mais este "requinte" fruto do trabalho colectivo.

Certo dia desse mês de Dezembro, Harbert foi pescar para o lago. Ia desarmado, porque para aquelas bandas nunca se tinha visto um único animal perigoso. Pencroff e Nab estavam ocupados na capoeira, enquanto, nas Chaminés, Cyrus e o repórter produziam soda, pois a provisão de sabão estava no fim. Subitamente, ouviram-se gritos de aflição...

- Socorro! Acudam-me!

Era Harbert quem assim gritava. Precipitaram-se todos em louca correria, mas quem chegou primeiro ao lago foi o desconhecido. Harbert tinha pela frente um formidável jaguar já a preparar o salto! Rápido como um raio, apenas armado de uma faca de mato, o desconhecido saltou sobre a fera.





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