A Ilha Misteriosa - Cap. 27: CAPÍTULO IX Pág. 171 / 186

"Mas a quietude das profundezas, o deslumbrante panorama subaquático e a solidária convivência entre aqueles vinte e um homens, enfim, tudo isso foi gradualmente apaziguando os corações e desfazendo os anseios de vingança... Com o passar dos anos, apenas uma coisa interessava a Nemo: manter-se afastado do mundo exterior e dos homens. Os seus companheiros foram morrendo, um após outro. Por fim, com sessenta anos de idade e completamente só, decidiu conduzir o Nautilus a um dos muitos portos secretos que tinha no oceano Pacífico, justamente aquele, na ilha Lincoln.

"Havia seis anos que ali estava, saindo raramente, não com o submarino, mas envergando um escafandro, também concepção sua, que lhe permitia largas horas de autonomia debaixo de água. Fora numa dessas saídas que assistira à queda do balão e pudera salvar Cyrus Smith. A princípio, a presença dos náufragos desagradara-lhe vivamente, considerando-os, sobretudo, intrusos que vinham perturbar o seu isolamento voluntário... Porém, a pouco e pouco, depois de os ter observado, e ouvido - através do poço da Casa de Granito - concluíra que eram homens íntegros e corajosos, unidos por fraterna amizade, valor que ele muito prezava. A partir daí, achara-os merecedores da sua protecção e ajuda..."

Exausto, o capitão chegou ao fim do relato; de repente, o seu estado de debilidade tornou-se impressionante! Os colonos reprimiam as lágrimas a custo, presos de profunda emoção.

Cyrus Smith tomou a palavra, sabendo que falava por todos: O senhor salvou-nos a vida por mais de uma vez e tem, por isso, a nossa mais sentida gratidão! Agora, pelo que nos contou, vale-nos, também, a maior admiração... Capitão Nemo, diga o que pretende de nós, que ficaremos honrados por obedecer!

- Obrigado, meus amigos.





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