.. - disse Nemo.
Harbert, sem se conter, aproximou-se e, de joelhos, beijou a mão do capitão.
- Tens a minha bênção, meu filho! - murmurou este, tocando-lhe na cabeça.
- Mas de que padece ele? - perguntou Pencroff, em voz baixa. - E se tentássemos alguma coisa? Por que não levá-lo daqui para fora, para o ar livre...?
- Não, Pencroff - respondeu o engenheiro -, não há nada que possamos fazer. De resto, o capitão Nemo nunca consentiria em sair daqui. Há trinta anos que vive no Nautilus e é no Nautilus que quer morrer.
Sem dúvida que o doente ouviu estas palavras, porque se soergueu um pouco e disse, em voz fraca:
- Tem toda a razão, senhor. Quero morrer aqui. Mas, há pouco, falou numa dívida de gratidão para comigo...
- Daríamos as nossas vidas para prolongar a vossa! - afirmou Cyrus Smith.
- Pois bem - continuou Nemo -, prometam-me, então, cumprir as minhas últimas vontades e essa vossa dívida ficará saldada.
- Tem a nossa palavra! - respondeu Smith.
- Senhores, amanhã estarei morto... e o meu maior desejo é que o Nautilus seja o meu túmulo no fundo do mar, onde repousam todos os meus amigos...
Um silêncio profundo acolheu as palavras de Nemo, que continuou:
- Escutem com atenção! Amanhã, depois da minha morte, o senhor Smith e os seus companheiros abandonarão o Nautilus e deixá-lo-ão tal como está... Todas estas riquezas aqui guardadas vão desaparecer comigo. Do príncipe Dakkar restar-vos-á uma única recordação - aquele cofre acolá, que contém uma fortuna imensa em milhares de diamantes da Índia e pérolas que recolhi pelos oceanos! Tudo aquilo é vosso, meus amigos, pois estou certo que nem uma ínfima parte desse tesouro será usada para fins menos dignos...
Os colonos ouviam religiosamente as palavras do capitão.