A Ilha Misteriosa - Cap. 5: CAPÍTULO V Pág. 29 / 186

- Se tivermos a pouca sorte de isto ser uma ilha e, ainda por cima, afastada das rotas dos navios, é o que temos de mais certo! - corroborou o marinheiro.

- Isso é o que vamos descobrir, quando escalarmos a montanha até lá acima - concluiu o engenheiro Smith.

Seguidamente, combinaram entre si as tarefas daquele dia. O engenheiro e o repórter iam ficar nas imediações das Chaminés a explorar a praia e o planalto, enquanto os outros três voltavam ao bosque do Jacamar - assim haviam baptizado a mata - a fim de renovar as provisões de lenha e carne fresca.

Desta vez, contavam com a ajuda de Top na caçada. À partida, o marinheiro ia resmungando, sempre agarrado à sua ideia:

- Pois sim, pois sim, vamos caçar... E depois? Como é que vamos assar o que apanharmos? Se houver lume, quando cá chegarmos, só se foi um raio que o acendeu! Todavia, ao voltarem ao acampamento, pelas duas da tarde, carregando um corpulento exemplar de uma espécie de porco selvagem, tiveram a surpresa de avistar uma coluna de fumo que se elevava do lado de lá dos rochedos.

- Viva! Viva! Harbert, Nab, estão a ver aquilo ali? - gritou o marinheiro, fora de si.

Instantes depois, os três caçadores, completamente pasmados, olhavam ora para o engenheiro e para o repórter, ora para a fogueira crepitante, sem saber que dizer.

- Então, meu caro, o que é que eu lhe dizia? - exclamou Spilett. - Ora aqui tem um belo lume para assar esse magnífico animal que aí trazem!

- Mas quem o acendeu? - perguntou Pencroff.

- O sol!

- Quer dizer que o senhor Cyrus tinha uma lupa, não é verdade? - perguntou Harbert.

- Não, meu rapaz, não tinha, mas fiz - respondeu aquele.

E explicou como, sobrepondo os vidros do relógio dele e do de Spilett, conseguira improvisar uma lente capaz de concentrar os raios solares e de provocar a combustão de um pedaço de musgo seco.





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