A Ilha Misteriosa - Cap. 7: CAPÍTULO VII Pág. 39 / 186

- Sim, uma faca, uma lâmina cortante... - murmurou Smith, como se falasse consigo mesmo.

Repentinamente, o olhar animou-se-lhe:

- Aqui, Top! O engenheiro segurou na cabeça do cão, tirou-lhe do pescoço a coleira de fino aço temperado, e partiu-a em duas metades.

- Aqui estão as nossas facas, Pencroff!

Amolaram o rebordo das lâminas de aço numa pedra e, depois, afiaram o gume em pederneira mais fina, que, por sinal, abundava na praia. Algum tempo depois, os colonos já dispunham de duas lâminas cortantes, solidamente amarradas a cabos improvisados.

Partiram em direcção à margem ocidental do lago, onde, na véspera, Cyrus Smith havia reparado numa porção de terra argilosa. Pelo caminho, Harbert descobriu diversas árvores, das quais os índios da América do Sul usam os ramos para fabricar arcos. Apenas faltava encontrar uma planta apropriada para fazer a corda do arco. Serviram-se de uma espécie de hibisco com fibras tão resistentes, que se podiam comparar a tendões de um animal. E foi assim que Pencroff conseguiu arranjar arcos suficientemente fortes e eficazes. Quanto às setas, o destino se encarregaria de fornecer qualquer coisa que pudesse substituir o ferro para as pontas.

Chegados ao local indicado pelo engenheiro, os nossos amigos deitaram mãos à obra. Trataram de retirar com areia a gordura própria da argila e, depois, moldaram à mão os tijolos que, depois de secos, passariam por cozedura em fogo de lenha.

Foram dois dias inteiros de intenso trabalho manual, ao cabo dos quais os colonos tinham prontos e alinhados no chão três mil tijolos. A cozedura não teria lugar, senão daí a três ou quatro dias, de modo que o grupo aproveitou a espera para juntar lenha, sem falar nas caçadas pelas imediações.





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