Estas expedições eram agora bastante mais proveitosas, desde que Pencroff resolvera a questão das pontas das flechas.
Foi um porco-espinho apanhado por Top o fornecedor dos picos aguçados que o marinheiro atou com firmeza às extremidades de paus fininhos e direitos. Não tardou muito que Gedeão Spilett e o jovem Harbert se tornassem razoavelmente hábeis no manejo do arco e das flechas assim improvisadas e, desse modo, não mais faltaram no acampamento boas peças de caça, quer de pêlo, quer de penas, como porcos e galos-do-mato, cutias, pombos-bravos, etc.
Ora durante essas incursões pela floresta, sempre não muito longe da tijolaria, os caçadores acabaram por notar certos indícios da presença de animais de grande porte, o que levou o engenheiro Smith a recomendar-lhes a maior cautela, convencido que ali poderia haver feras temíveis. E estava certo, porque, certa vez, o repórter e o rapaz avistaram um animal muito semelhante ao jaguar, que só por sorte não os atacou.
E assim chegou o dia 6 de Abril, uma quinta-feira. Treze dias tinham decorrido desde que os colonos tinham ido parar àquela costa e era nesse mesmo dia que iam iniciar a construção do forno, começando pela cozedura dos tijolos de barro.
Empilharam molhos de lenha, rodeando-os depois com camadas sobrepostas de tijolos até formar uma grande cuba, e puxaram fogo à lenha; o braseiro ardeu durante quarenta e oito horas, constantemente alimentado pelos colonos. Finalmente, com cal viva conseguida a partir de pedras de carbonato de cálcio, decompostas pelo calor, e uma espécie de argamassa feita com cal e areia, construíram um forno magnífico, cuja chaminé se elevava a alguns metros de altura.
A clareira à beira do lago lembrava agora uma verdadeira oficina, e Pencroff estava disposto a jurar que dali podiam sair todos os produtos da indústria moderna.