A Ilha Misteriosa - Cap. 8: CAPÍTULO VIII Pág. 47 / 186

Olhava e tornava a olhar a superfície tranquila do lago, que cintilava sob os primeiros raios de sol, sem que dali tirasse qualquer conclusão...

- O que é que você acha, Cyrus? Não me parece ver nada de suspeito nestas águas... - disse o repórter.

- Realmente... - respondeu o engenheiro. - Só não consigo encontrar uma explicação para o que aconteceu ontem.

- Uma ferida muito estranha, na verdade! E a forma como o Top foi atirado para fora de água? Parecia, até, ter sido arremessado por algum braço possante e que o mesmo braço armado de um punhal matou o dugongo.

- Tem razão - concordou Cyrus Smith, pensativo. - Depois, meu caro Spilett, há outras coisas que também não consigo entender. Por exemplo, como é que me salvei das ondas e fui parar àquelas dunas? Eis aqui um mistério que ainda hei-de desvendar, mas, por enquanto, acho melhor não comentarmos nada disto com os nossos companheiros.

O engenheiro continuava a fitar a superfície do lago, quando, de súbito, se deu conta de uma corrente forte a puxar para o lado sul do lago, justamente em direcção ao ponto onde as margens formavam um ângulo. Naquele sítio, era bem visível que a água fazia uma espécie de remoinho e uma depressão, como se estivesse a ser sugada por um orifício qualquer... Cyrus Smith encaminhou-se rapidamente para lá, baixou-se e tratou de encostar o ouvido ao chão. Não havia dúvida! Aquele ruído surdo era o de uma corrente subterrânea.

- É aqui! - exclamou, pondo-se de pé. - É aqui que se faz a descarga para o mar através do granito! Grutas é que não faltarão e nós vamos aproveitá-las.

Cortou uma vara comprida, tirou-lhe as folhas e mergulhou-a no local onde a água fazia o sorvedouro. Imediatamente, o engenheiro constatou a existência de um grande buraco na parede de granito, apenas a uns quarenta centímetros da superfície.





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