A Ilha Misteriosa - Cap. 9: CAPÍTULO IX Pág. 50 / 186

Na falta de fulminantes, Cyrus Smith preparou uma mecha de fibra vegetal embebida em enxofre, acendeu-a e correu a abrigar-se junto dos companheiros. Uns vinte e cinco minutos depois, o tempo que a fibra levou a arder, retumbou uma explosão tão violenta, que toda a ilha parecia estar a ser sacudida por um terramoto! Os nossos colonos, apesar de estarem bem a uns três quilómetros de distância, foram parar ao chão. Refeitos do abalo, subiram a correr ao planalto, direitos ao sítio da explosão.

Do peito de cada um saiu, então, um formidável "hurra!". O dique de granito abrira uma fenda considerável, e dessa fenda escapava-se agora uma torrente de água, que se despenhava do planalto e caía na praia de uma altura de quase cem metros! Os colonos foram às Chaminés buscar picaretas, paus ferrados, cordas de fibra, isca e pederneira, e regressaram ao lago, dirigindo-se imediatamente à margem sul. Uma olhada foi suficiente para verificar que o plano do engenheiro resultara em cheio! Efectivamente, o abaixamento do nível das águas pusera a descoberto a abertura do escoadouro, a qual lembrava uma dessas sarjetas que se vêem à beira dos passeios. Cyrus Smith aproximou-se e verificou que o túnel escavado pela força das águas era apenas ligeiramente inclinado, tornando-se assim praticável a descida. Era sua convicção que, em alguma parte, haveria uma cavidade suficientemente ampla para ser aproveitada como habitação.

- Então, senhor Cyrus, o que nos detém agora? - perguntou o marinheiro, desejoso de se aventurar pelo estreito corredor. - Olhem como o Top já lá vai à frente!

- Está bem! - disse o engenheiro. - Vamos lá, mas às escuras é que não... Nab, corta aí uns ramos resinosos.

Acesos os archotes, os colonos enfiaram pela abertura do túnel e começaram a descer, atados uns aos outros com cordas.





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